Seca

Estiagem gera perdas superiores a R$ 1,75 bilhão na região

Milho e leite estão entre as produções mais afetadas

Foto: Jô Folha - DP - Recuperação de aguadas depende de chuvas regulares e intensas

Por Luciara Schneid
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A Emater Regional estima perdas superiores a R$ 1,75 bilhão nos municípios da Zona Sul, em situação de emergência. Entre as atividades mais afetadas estão o milho grão (41%), milho silagem (46%), leite (30%) na produção diária, bovinos de corte (15%) e feijão (47%).

A Defesa Civil do Estado registrou decretos de emergência dos municípios de Arroio Grande, Arroio do Padre, Candiota, Canguçu, Capão do leão, Cerrito, Herval, Jaguarão, Morro Redondo, Pedras Altas, Pedro Osório, Pelotas, Piratini, Pinheiro Machado, Rio Grande, Santana da Boa Vista, São José do Norte, Santa Vitória do Palmar, São Lourenço do Sul e Turuçu. Destes, 13 já tiveram seus decretos homologados pelo Governo do Estado e reconhecidos pelo Governo Federal.

Chuvas intensas. mas ainda irregulares registradas no início deste mês trouxeram esperanças aos moradores dos municípios da Zona Sul, mas ainda são insuficientes para debelar a estiagem que atinge a região, desde o mês de novembro, em algumas localidades. A recuperação de aguadas, pastagens e culturas ainda depende de precipitações mais intensas e regulares.

No município de Herval, o primeiro a decretar situação de emergência, ainda no mês de dezembro, e também a ser reconhecido pela União, os recursos começaram a chegar. Segundo o secretário municipal da Agropecuária e Desenvolvimento, Valmir Miliorança, a União depositou em torno de R$ 260 mil para o município. "Esse dinheiro veio para abertura de bebedouros, ajudar nos custos com a distribuição de água através de caminhão-pipa e aquisição de 800 cestas básicas", diz.

O secretário ressalta que a demanda por água potável aumenta a cada dia, e já está em 300 famílias. "Se não normalizar imediatamente, provavelmente vamos ter que contratar mais caminhões", diz. Segundo ele, na abertura dos bebedouros, não estão conseguindo achar água para os animais. Na última quarta-feira choveu dez milímetros em média, em alguns lugares choveu 12mm, o que deu uma minimizada no calor mas não resolveu em nada os efeitos da estiagem.

Entre as culturas, a mais prejudicada é a soja, que em safras normais rende em média 45 sacos por hectare, considerada uma boa média. Nos levantamentos realizados pela prefeitura e Emater, a média estimada é de 20 sacos por hectare, uma perda superior a 50%, diz. Outra atividade muito prejudicada é a pecuária, principalmente a bacia leiteira, uma das atividades mais praticadas no município. "A situação é desesperadora, com pessoas deixando o campo, sangas secando", nesta que segundo ele, é a maior seca dos últimos 20 anos no município.

Nos demais municípios, como Candiota, nenhum recurso chegou até agora. A prefeitura está entregando silagem para produtores de leite para evitar que parem a produção, água potável para as famílias e realizando limpeza nos açudes, com recursos próprios, conta o secretário de Agropecuária e Agricultura Familiar, Claudivan Brusque. Segundo ele, as perdas na agricultura e pecuária locais ultrapassam os 60%.

Em Pelotas, os prejuízos registrados na produção primária atingiram os R$ 115 milhões na zona rural do município, com perdas expressivas nas lavouras de legumes e hortaliças, milho, fumo, feijão e outras, além do comprometimento das pastagens, com reflexo direto na alimentação dos rebanhos e redução da produção de leite e carne.

As culturas que apresentam as maiores perdas, são o milho, o milho de silagem e o feijão. Aproximadamente 45% dessas lavouras foram completamente perdidos. Entre as plantações de soja, calcula-se que 10% não se recuperem, enquanto no arroz a quebra é, atualmente, de 8%. A prefeitura fornece água a aproximadamente 3,2 mil famílias, tanto da zona rural como da urbana, por meio de caminhões-pipa.

Na soja, uma das culturas mais atingidas em alguns municípios, os produtores conseguiram finalizar os plantios devido ao retorno da umidade nos solos. Com isso, está encerrado o plantio da cultura na região, totalizando área de 518.983 hectares.

As áreas da cultura com maiores perdas são as com as cultivares superprecoces e precoces, plantadas no início da janela de semeadura, segundo a Emater. Estas cultivares de soja estão na fase de plena floração e formação de grãos, muito sensível aos déficits de água. As perdas na produtividade destas lavouras estão sendo reavaliadas, pois com as chuvas pode ocorrer recuperação nestas áreas. O milho é segunda cultura mais afetada pela estiagem juntamente com o feijão que está tendo as maiores perdas em toda a Região.

Chuvas em fevereiro
Amaral Ferrador - 15 mm
Arroio do Padre - 19 mm
Arroio Grande - acumulados de 3,0 mm
Canguçu - 35 mm
Capão do Leão - 30 mm
Cerrito - 12 mm
Herval - sem registros
Jaguarão - acumulados de 58 mm
Morro Redondo - 46mm
Pedras Altas - sem registros
Pedro Osório - 29,8 mm
Pelotas - 10 a 25 mm
Pinheiro Machado - sem registros
Piratini - 5,0 mm a 15 mm
Rio Grande - 15 mm
Santana da Boa Vista - 20 mm
Santa Vitória do Palmar - de 30 a 190 mm
São José do Norte - 25 mm
São Lourenço do Sul -45 mm
Turuçu - 24mm
Fonte: Emater​

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